A importância da vitamina D na Medicina Dentária
A medicina dentária, para muitos ainda considerada o parente pobre da medicina, é uma área da medicina que se ocupa não só da cavidade oral mas também é responsável, como qualquer área médica pelo nosso estado de saúde geral. Com o evoluir da ciência, pouco a pouco vai existindo uma melhor comunicação entre as diferentes áreas médicas, e vamo-nos apercebendo que algumas patologias os problemas na nossa cavidade oral podem estar a afetar a nossa saúde geral, desde problemas digestivos a problemas articulares e posturais. Não podemos considerar a cavidade oral como um órgão isolado, mas sim como uma parte integrante do nosso organismo, pois muitas vezes também pode ocorrer a situação inversa: um problema sistémico como é a falta de vitamina D, pode comprometer a nossa saúde oral ou até os tratamentos dentários que formos fazer, como no caso de uma cirurgia de implantes dentários.
Hoje em dia começa a ser falada a importância da vitamina D e de que forma pode comprometer a nossa saúde.
Na White Clinic pedimos análise de sangue aos pacientes antes das cirurgias, onde constam os níveis de vitamina D. Em Portugal, mesmo sendo um país com muito sol, a maioria dos pacientes portugueses tem défice de vitamina D3, e consequentemente a recuperação após as cirurgias de implantes dentários são menos bem sucedida em comparação com os pacientes que tem níveis ótimos de vitamina D3. É por essa razão que na White Clinic avaliamos os níveis antes e após as cirurgias de forma a que os resultados cirúrgicos sejam um sucesso a longo prazo.
O estado final da vitamina D3 nas células é uma hormona chamada calcitrol, que em conjunto com a hormona paratiroide (PTH) é um dos mais importantes controlos dos conteúdos de cálcio e fosfato. A hormona paratiroide é secretada pela glândula paratiroide e libertada quando os níveis de cálcio descem. Este fenómeno irá ativar os osteoclastos (responsáveis pela remoção óssea) indiretamente, e irá mobilizar o cálcio e o fosfato do tecido ósseo. A consequência é um aumento dos níveis de cálcio no sangue e uma redução da porção mineral no osso (dando lugar a osteopenia e osteoporose). A síntese e a libertação da PTH é inibida pelo calcitrol. O calcitrol reduz a excreção do cálcio através dos rins e aumenta a disponibilidade do cálcio e a absorção por parte do intestino. Isto leva a um aumento da atividade dos osteoblastos, e consequentemente a disponibilidade de um osso saudável.
Um estudo de 2014 (Choukroun et al., 2014) demonstra a importância da vitamina D3 na formação óssea da qual depende a cicatrização óssea. O calcitrol, 1,25-(OH)-2vitamina D3, é a hormona envolvida na formação óssea mais importante ao mesmo tempo que reduz a inflamação. Um défice de vitamina D3 inibe a cicatrização dos implantes e aumenta o risco de infeção. Além disso, estudos comprovam que o efeito anti-inflamatório nas gengivas e o periodonto.
Recentemente foi publicado um estudo clínico retrospectivo no qual se tentou avaliar a relação entre os níveis baixos de vitamina D3 e o fracasso dos implantes dentários em humanos. Embora o estudo não conseguiu provar a correlação, os resultados indicam que os pacientes que tiveram implantes fracassados tinham níveis baixos de vitamina D3 (Mangano et al., 2018).
A vitamina D3 ativa estimula a formação de péptidos antimicrobianos na pele e mucosas, pelo que tem um efeito anti-inflamatório e anti-bacteriano (Hieremath, 2013).
Um estudo de 2016 prova que a dieta baixa em hidratos de carbono, rica em ômega 3, fibra, vitamina C e D e antioxidantes, consegue prevenir a inflamação gengival (Woelber et al., 2016). Seguindo este conceito, existe uma alternativa para o controlo da periodontite. Pode ser prevenida e controlada através de suplementação rica em vitaminas e minerais. Em 2012, Teles e os seus colaboradores demonstraram que os pacientes com índices de vitamina D elevados tinham menor hemorragia gengival, menos bolsas periodontais e menos ausências dentárias (Teles et al., 2012).
Adicionalmente à importância do metabolismo do cálcio e à formação óssea, a vitamina D3 tem efeitos imunológicos e metabólicos para o nosso corpo. As doenças autoimunes, tais como a esclerose múltipla, a artrite reumatoide e a diabetes são mais susceptíveis a níveis baixos de vitamina D3. Com uma formação de vitamina D3 suficiente, a resposta imunológica encontra-se em baixo (sobretudo nos casos de doenças autoimunes), e a resposta imunológica não específica encontra-se em alta atividade. Os receptores de vitamina D3 podem ser encontrados em alguns tipos de células do nosso sistema autoimune, tais como os linfócitos T, e as células T-helper.
A vitamina D3 também ajuda na ação das proteínas antimicrobióticas, ajudando a eliminar microorganismos, tais como bactérias e vírus de uma forma mais rápida e eficaz do que o nosso próprio sistema imunitário, que foi melhorando ao longo do tempo devido à ativação de células de defesa especializadas.
Para além de uma exposição solar adequada e uma alimentação equilibrada, como alternativa, os níveis de vitamina D podem ser regulados através de suplementação. No entanto, devemos ter em conta os valores padrão, e não sobre passar os limites recomendáveis, pois podemos causar outro tipo de patologias difíceis de reverter como a hipercalcémia. Tudo deve ser em seu peso e medida, e é esse equilíbrio que nos mantém saudáveis.