Infecções em dentes já desvitalizados.
O processo de desvitalização não seve só para a eliminação de dor dentária, tem também por objectivo desinfectar e preencher hermeticamente o interior das raízes dos dente (canais radiculares) de forma a prevenir futuras infecções.
Infelizmente, existem alguns factores que podem comprometer o sucesso do tratamento, nomeadamente quando não se consegue preencher a totalidade do canal radicular por dificuldades anatómicas ou quando existe uma carga bacteriana altamente patogénica e difícil de debelar. Em qualquer um destes casos ocorre proliferação bacteriana que, como o dente é uma estrutura dura não têm por onde expandir e acabam por invadir o espaço ósseo circundante através do orifício apical na ponta da raíz por onde iniciamente se dava a comunicaçãoo vascular sensitiva.
Quando se inicia esta invasão bacteriana no osso adjacente a dente inicia-se uma resposta imunológica em que são activados os osteoclastos, que não são mais do que células defensivas que tentam eliminar o agente causal mas que também acabam por eliminar algum osso durante o processo de defesa. Este mecanismo de defesa com o tempo torna-se crónico e na maioria das vezes é assintomático.
Regra geral, estes casos são diagnosticados quando surge um episódio de dor ou então nas radiografias periódicas de controle.
O tratamento indicado é refazer o tratamento de desvitalizaçãoo para corrigir qualquer defeito decorrente do primeiro tratamento reforçando ao máximo o processo de preparação e de desinfecção do dente. Com isto pretendemos eliminar ao máximo os microorganismos que estão na origem deste quadro infeccioso e selar o interior do canal para que não volte a acontecer no futuro.
Depois de controlada a carga bacteriana no interior do canal, o sistema imunitário já conseguirá debelar o processo infeccioso que decorre fora da raíz e com o tempo acaba por formar-se novo osso, regenerando-se a zona afectada
Para exemplicar a situação acima descrita mostramos um caso clínico:
Fig.1 : Radiografía inicial
Nesta primeira radiografia conseguimos ver que existe uma situaçãoo infecciosa extensa associada a dois dentes desvitalizados. Radiograficamente distinguimos os dentes desvitalizados pelo interior branco na raíz, que corresponde ao material da desvitalização que e radiopaco.
A zona da infecção corresponde à zona escura que forma uma cincunferência que se inicia na ponta das raízes.
Dado isto, repetimos o tratamento de desvitalização (retratamento endodôntico) apostando na sua preparação e desinfecção para uma noma obturação (preenchimento) de forma a travar o processo infeccioso.
Fig 2: radiografia final do retratamento endodôntico.
Nesta segunda radiografia conseguimos observar o novo tratamento de desvitalização e em que continuamos a ver a imagem escura à volta das raízes correspondente à infecção. A partir deste momento recomenda-se que o paciente faça radiografias de controle para se ver a evolução da lesão e a regeneração do osso.
Fig.3:Rx de controle aos 6 meses Fig.4: Rx de controle a 1 ano
Nestas últimas radiografias ( Fig 3 e 4)podemos ver a regeneração da lesão, notando-se nesta última que já quase não existe nenhuma circunferência escura à volta das raízes. Com o decorrer do tempo deverá desaparecer na totalidade.
Em alguns casos mais extremos, em que a perda é mais acentuada pode haver necessidade de se proceder a uma cirurgia apical (apicectomia) para correcção da zona com enxerto ósseo.
Dr. Carlos Morais
(Departamento de Endodontia White Clinic)